O governo federal suspendeu a autorização de blindagem de veículos e a transferência de carros blindados. A suspensão temporária se deu em virtude da publicação do Decreto 11.366/2023, no dia 1° de janeiro. Em trecho do dispositivo supracitado, a União revoga o Decreto 10.030, de 30 de setembro de 2019. Com isso, as blindadoras ficam de mãos atadas. Pelo menos por enquanto.
Para blindar um automóvel é preciso de uma autorização do Exército e, segundo fontes ouvidas pela reportagem, pouco depois de meados de janeiro, essa autorização não está mais acontecendo.
Desta forma, quem precisa realizar uma blindagem ou transferir de propriedade vai precisar aguardar os próximos capítulos. Segundo o gerente de contas Norte-Nordeste da Carbon Blindados, Leonardo Arnaud, em alguns estados a operação está andando. “Ceará, Pernambuco e outras regiões estão com dificuldades maiores para realizar a blindagem”, afirmou.
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“É uma medida que vem como o novo governo, mas que pode atrapalhar o mercado durante esse período, até que tudo fique alinhado”, acrescentou Arnaud.
Já o consultor de Produtos Controlados do Exército da Target Blindados, Carlos Fidelis, acredita que até o fim de fevereiro o governo federal deve apresentar alguma novidade relacionada ao assunto. “Na prática, desde o último dia 20, não está autorizando nenhum carro”, afirmou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Blindagem (Abrablin), Marcelo Silva, o decreto foi mal redigido e as blindadoras e cidadãos estão sendo prejudicados. “Ficamos no mesmo pacote das armas e pegamos a rebarba. A gente tem que trabalhar”, afirma.
De acordo com Silva, a Abrablin já esteve em diálogo com o Ministério da Defesa, que reconheceu o “equívoco”. “Eles já entenderam que estão errados e que cometeram um erro. Mas essa correção é que demora. Mas tem que ser resolvido o mais rápido possível”, acrescenta o presidente da Abrablin.
Segundo a entidade, no ano passado 25.900 veículos foram blindados. Em 2021 foram 20.024 unidades. Em um ano, o aumento no número de blindagens foi de quase 30%. Assim como os preços subiram diante da demanda e dos insumos mais caros.
Entramos em contato com Exército, por meio de e-mail, para obter informações sobre o assunto, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. Por telefone, um assessor informou que o Exército tem várias demandas e disse que tentaria resposta até o fim do dia.
Em nota, a Abrablin informou que sempre trabalhou em prol de registros e controles e a relação com os órgãos reguladores sempre foi de cordialidade e não de apontar erros e sim contribuir com as Forças Armadas no sentido de fazer um mercado sério. Controlado dentro de uma condição que seja factível para as empresas, consumidores e órgãos reguladores.
“O que estamos pleiteando é celeridade na análise para não causar prejuízos ao setor bem como às pessoas que buscam por esta proteção, possam usufruir desta segurança”, informou a Associação.
Processo de blindagem
A blindagem é uma forma de proteção contra uma possível investida contra o veículo. Com a segurança adicional, em caso de uma tentativa de assalto, por exemplo, o motorista consegue fugir rapidamente.
A blindagem é possível para praticamente todos os tipos de carros. “Pela leveza dos materiais é possível aplicar em quase todos os modelos. Até carros com motor 1.0 turbo conseguem desenvolver bem com blindagem”, explicou Leonardo Arnaud.
Em média, o processo de blindagem leva 30 dias úteis para veículos com projeto já desenvolvido. Para veículos recém-lançados, que nunca foram blindados, o prazo é maior. Cerca de 45 a 60 dias. Vale lembrar que a blindagem vai durar por toda a vida útil do veículo e os vidros dependem do produto escolhido e seus prazos de garantia contra delaminação.