Veja a autonomia que conseguimos com Corolla híbrido na gasolina e etanol

O novo Corolla é primeiro carro híbrido com motor flex do mundo e chega com um grande desafio no Brasil: provar que a eletrificação é o caminho inevitável para os automóveis também por aqui. Estamos ainda muito longe de outros mercados, onde os carros elétricos já são uma realidade comercial. No Brasil, os híbridos dão os primeiros passos e o Corolla, como sedã mais vendido do país, poderá acelerar esse processo. Mas será que vale a pena pagar a mais para ter um carro que mistura combustão e eletricidade para se mover? Rodamos cerca de 1.000 km com o modelo e vamos responder essa questão.

O discurso comum para vender um carro híbrido é o da economia de combustível. A Toyota anuncia que, segundo o INMETRO, o Corolla híbrido é capaz de rodar 14,5 km/l na estrada e 16,3 km/l na cidade quando abastecido com gasolina. Com etanol, o modelo roda 9,9 km/l na estrada e 10,9 km/l na cidade. Sim, os números estão corretos. Os carros híbridos são mais econômicos na cidade do que na estrada. Isso porque os dois motores elétricos atuam em velocidades baixas e as constantes frenagens no trânsito garantem mais energia na bateria. Vamos explicar.

O Novo Corolla possui sistema de freios regenerativos, que acumula a energia cinética gerada pelas frenagens e a transforma em energia elétrica, alimentando a bateria híbrida. Isso garante maior autonomia ao modelo no modo elétrico, também contribuindo para economia de combustível.

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Nosso primeiro contato com o Corolla Altis Hydrid foi com o tanque cheio de etanol. Quando pegamos o carro na concessionária, no Recife, o computador de bordo marcava uma autonomia de 1.188 km, algo que sabíamos que na prática seria impossível com um tanque de 43 litros de capacidade. Para isso, precisaria fazer uma média de 27,6 km/l para alcançar tal quilometragem.

Testamos a versão híbrida do Corolla na cidade e na estrada / Foto: Bruno Vasconcelos

Saímos direto da concessionaria para a estrada rumo a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. São cerca de 300 km pela BR-101. A viagem é direta, sem trânsito, em uma rodovia 100% duplicada, o que reduz o estresse de ultrapassagens arriscadas. Na chegada, o computador de bordo marcou um consumo médio de 11,6 km/l. Rodamos 289 km sempre com o ar-condicionado ligado e o sistema dizia que ainda poderíamos rodar 121 km com o que restava de combustível no tanque. Ou seja, a real autonomia do Corolla híbrido na estrada com etanol em nosso teste foi de 410 km. Conseguimos uma média melhor do que a registrada pelo INMETRO (9,9 km/l).

Com o etanol restante no tanque, nós fomos testar o consumo na cidade. Computador de bordo zerado e reiniciado. No trânsito mais intenso e travado a média subiu para 13,6 km/l, um número muito bom para um sedã médio (1.440 kg) abastecido com etanol. É na cidade que o sistema elétrico atua com mais frequência. As saídas do carro são quase sempre feitas com a força da energia elétrica. Em um engarrafamento, você quase não sente a atuação do motor 1.8 flex.

Enchemos o tanque agora com gasolina para voltar para o Recife. Foram 313 km rodados com uma impressionante média de consumo de 16,4 km/l. A autonomia ainda marcava 235 km, o que significa que poderíamos andar 548 km com um tanque de 43 litros de gasolina na estrada. É muito chão para você percorrer até ter que parar em um posto de gasolina.

Interior do Corolla hybrid / Foto: Bruno Vasconcelos

Zeramos novamente o computador de bordo para rodar mais alguns dias com o Corolla Hybrid no trânsito pesado da capital pernambucana. Conseguimos andar cerca de 350 km com o carro na cidade e a média de consumo ficou em 18,3 km/l de gasolina. Ou seja, com essa média, se o tanque estivesse cheio, seria possível rodar 786 km. Lembrando que o Corrola Hybrid tem um tanque 7 litros menor em capacidade do que as outras versões. Se tivesse o mesmo tanque de 50 litros, a autonomia na cidade, com a média que conseguimos de 18,3 km/l, seria de 915 km.

Claro que tudo depende também da forma como você dirige. Se você quiser saídas mais rápidas e enfiar o pé no acelerador o sistema vai entender a sua demanda e vai colocar os motores a combustão e elétricos atuando juntos para entregar mais potência. A ideia do carro híbrido com sistema regenerativo é que você faça o motor a combustão trabalhar o mínimo possível. O monitor do fluxo de energia presente na central multimídia lhe dá, em tempo real, a atuação do sistema híbrido. Você sabe exatamente qual motor está fazendo o carro se mover. Quando tira o pé do acelerador você enxerga a bateria híbrida sendo abastecida pela energia gerada nas rodas.

Essa busca pela eficiência no consumo faz o motorista mudar a sua forma de direção. Você acaba “viciando” em acompanhar o fluxo de energia, querendo fazer os motores elétricos atuarem mais do que o outro que bebe gasolina e/ou etanol. É uma proposta interessante de condução. Para quem roda muito na cidade, o Corolla Hydrid é uma ótima alternativa. Mas se você é um motorista que pega muito a estrada, essa conta pode não ser tão interessante, mas ainda sim será positiva.

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